MEU CORAÇÃO, COM AMOR E HUMOR

Por Alberi Locatelli

Primeiramente gostaria de agradecer aqueles que se preocuparam com meu estado de saúde, minha família, em especial a esposa e filhas, que estavam o tempo todo do meu lado, parentes, amigos e talvez inimigos, apesar de não lembrar se tenho algum, mas se tenho, também deve ter pedido a Deus para que eu não passasse dessa vida para melhor.

Talvez alguém não esteja sabendo da história, do que estou falando, mas vou contar, se lhe interessar pode ler, caso contrário passe para 100 pessoas ou em não sei quanto tempo alguma coisa vai acontecer com você... Se é coisa boa o ruim!...Também não sei.

Primeiramente dizer que o meu coração, personagem principal da história, é uma casa que sempre está cheia, mas sempre cabe mais um... Tenho Deus sempre presente, familiares e amigos.

Tudo começou em um típico sábado à tarde, inicio de 2011, no campo de futebol da Associação Cadeiras Rosa, rosas não o que você está pensando, quando entrei para uma nova apresentação, visto que hoje não jogo, me apresento. Durante o jogo eu senti uma ardência no peito e uma tremenda falda de ar e isso se sucedeu por vários jogos. Como a gente costuma culpar sempre os outros eu joguei a culpa nos pulmões, coração não, é algum problema respiratório relativo aos pulmões, tomei antibióticos, mas para minha infelicidade de nada adiantou... Então a minha esposa falou:

- Eu fiquei sabendo que várias pessoas morreram de infarto por falta de ar, o mês passado morre o Zé das Couves, marido da prima da irmã de uma conhecida minha num jogo de futebol, se você não marcar uma consulta com o cardiologista, eu marco.

Ela me “convenceu”, agendei uma consulta para o cardiologista em Cascavel. Cheguei lá, fiquei em torno de uma hora esperando, depois entrou a secretária e me conduziu até o consultório médico, que logo foi perguntando: - O senhor se queixa de alguma coisa? Respondi. - Só do tempo em fiquei esperando lá fora. Ai ele colocou a mão no meu peitou, pensou alto: - Preocupante. Depois falou para mim: - Você tem um inchaço no peito, mas não se preocupe que eu vou tirá-lo! Respondi de pronto - Nada disso. Isto ai é minha carteira. Resumindo, depois de me examinar fez ECG e me encaminhou para fazer um teste de esteira, que aconteceu alguns dias depois... Após este teste ele me falou: - Meu amigo você está no bico do urubu, sua casa precisa de uma reforma urgente, caso contrário vai ruir, a falta de ar é porque algumas tubulações estão obstruídas, não faça mais esforço físico (futebol nem pensar), vou encaminhá-lo para um cateterismo.

Este exame constatou que os encanamentos de minha casa em 02(dois) locais estavam obstruídos e não havia passagem de ar (sangue).

Voltei com minha esposa ao cardiologista que nos falou tudo o que eu tinha, que em 15 anos de formado só viu caso assim em livros, que eu não tinha infartado porque eu tinha o coração bom, pelo menos um consolo, e me mandou fazer uma tal Angioplastia e disse dos eventuais perigos durante a realização da mesma, a minha esposa ficou assustada, eu confesso que como estava e não tinha infartado num jogo de futebol, era prova suficiente que não era minha hora, que Deus tinha um propósito para mim aqui na terra, lógico que quando ele falou o nome do procedimento eu senti um arrepio, pois eu liguei Angio a Anjo, céu, ai bateu o medo, tanto que só me tranqüilizei quando cheguei em casa, tirei a camisa e corri em frente do espelho para verificar se não havia asas nascendo em minhas costas ou uma auréola na minha cabeça, como não tinha falei: - Deus não quer que eu suba agora.

A angioplastia foi marcada para uma quinta-feira, dois dias antes fui ao hospital de Toledo visitar meu cunhado que infelizmente tem sérios problemas no coração e seria submetido a mais um dos vários cateterismos que já realizou... Acho que não deveria ter ido, a minha irmã pediu quem iria realizar o procedimento em mim, eu falei que era o Dr. Eduardo, então ela falou:

- Ainda bem que não o “Dr. Tal”, pois quando ele fez a ponte de sanfona no meu marido, deu uma parada cardiáca nele, quase que o coitado comeu capim pelas raízes. Eu sabia que isso poderia ter ocorrido com qualquer profissional, mas já serviu para me deixar encucado. Fiz mais um pedido para o Papai do Céu:

- Papai do Céu... eu...acho que confio no “Dr. Tal” mas se não for ele eu vou ficar bem contente, se for abençoe para que corra tudo bem.

No dia seguinte veio até mim alguém com aqueles conselhos que não ajudam muito: - Está com medo, confessa! Responde.

- Sinceramente eu não tenho medo de morrer, tenho sim de não conseguir desobstruir uma artéria, como aconteceu com meu cunhado... Porque Deus foi muito bom comigo, se Ele quisesse tinha me levado com um infarto durante um jogo de futebol.

A ansiedade é a maior inimiga de qualquer um, a gente não vê a hora de fazer o procedimento e se livrar de tudo. Para piorar a realização do mesmo foi mudado várias vezes, só foi marcado definitivamente para a sexta-feira às 18:00 hs. Chegou a hora, é agora ou nunca, duas distintas senhoras vestidas de branco vieram ao meu quarto, colocaram na maca e saíram numa disparada pelos corredores, fazendo curvas e mais curvas, cheguei a pensar que elas estavam testando o meu coração e que seu eu chegasse inteiro lá embaixo as veias estariam limpas de susto, bem para encurtar a conversa, fiquei sabendo que no dia seguinte elas receberam uma multa por excesso de velocidade. Cheguei ao local, com vida, era o mesmo local onde tinha feito o cateterismo, falei para mim mesmo:

- Tenho que ser forte, não vou nem treeemmeerrrr, os meus Super-Heróis vão me salvar. Pensei no desenho que assistia muito quando era criança... será que tinha televisão aquela época? Tudo bem quando já era um gurizote. Estava na Sala de Justiça aguardando os “Super Amigos’, só não queria que viesse o “Dr. Tal” (o vilão da história). Entraram dois mascarados, com luvas e tocas no maior bat-papo, pensei é o Batman e o Robin, começaram a me preparar e um deles (que eu peitava que podia ser o “Dr. Tal” disfarçado) falou pro outro:

- Veja os bat-mentos cardíacos dele. Depois

- Agora veja as bat-idas do pulso.

Pensei... Se um deles for quem eu penso que seja, vou é bat-er as botas, a fim de descontrair eu pedi para um deles:

- Porque vocês usam luvas? O outro respondeu de bat-pronto:

- Para não deixar impressões digitais.

Sabem aquele friozinho que sobe pela espinha, parece que a morte está passando por ali? Naquela hora eu senti, me agarrei mais na mão de Deus.

Bom eu só tive o alivio que precisava quando deles pegou o telefone e falou: - Aqui é da Sala de Justiça, ou melhor, de cirurgia, pode mandar o Super-Homem (Dr. Eduardo é claro) vir que o paciente está pronto. Na realidade eu já estava pronto para correr, mas com isso eu me acalmei, ai pedi o nome deles e vi que todo meu medo foi em vão, pois nenhum era o “Dr. Tal”.

Começou o procedimento, eu acompanhava tudo por um vídeo, via como o médico maneja o cabo enfiado no meu braço em uma das pontas e a outra ponta dentro do coração procurando as veias para desobstruir. Eu estava tenso, então pedia a eles se atrapalhava eu contar umas piadinhas, me disseram que não, então comecei:

- Havia dois jogadores de futebol, gostavam tanto do esporte que combinaram que quem morresse primeiro voltaria para dizer se no céu tinha futebol, um dia um faleceu e o outro ficou esperando que ele voltasse para cumprir o combinado. Depois de alguns anos, em um sábado a noite ele estava pensando no amigo que para sua surpresa apareceu, então ele perguntou:

- Me responda, no céu existe futebol? Para seu desespero ele respondeu.

- Sim e você está escalado para jogar amanhã.

Ai me veio um pensamento bobo, espero que não esteja faltando ninguém no time lá de cima.. Mas como todos sabem eu tenho algumas cirurgias no joelho, certamente Deus tem jogadores mais inteiros que eu para por no jogo e jogador da minha qualidade não pode ficar no banco de reserva, então é melhor eu ficar por aqui jogando com os pernas de pau daqui. Tudo corria maravilhosamente bem, o médico disse que em uma artéria, em vez de um foram dois stents (molas) colocados... Ufa! Uma artéria estava pronta, vamos para próxima, cutuca aqui, cutuca ali, cutuca acolá e nada, o semblante dos médicos foram mudando e eu?.... Prefiro não comentar. Então ouvi o Dr. Eduardo dizer:

- Acho que não vamos conseguir, vamos ter deixar assim, é uma artéria secundária, depois veremos o que fazer.

Eu gelei, me senti um fusca 72 sem peça de reposição, então falei: - Dr. um motor com uma peça estragada não funciona. Ele me olhou, com olhar de quem diz: ...Estamos fazendo o possível.

Naquele momento fechei os olhos e dirigi meus pensamentos ao Papai do Céu: - Senhor estou em uma situação complicada, preciso de Ti, em nome de Jesus Cristo, teu filho amado, que deu sua vida para nos salvar, estenda suas mãos poderosas sobre mim e sobre estes profissionais para que tudo transcorra bem e consiga o objetivo proposto, que é desobstruir a veia.

Ai eu ouvi o Dr. Eduardo falar para o assistente: - Me passe um fio um pouco mais fino, farei outra tentativa.

Eu com o coração nas mãos observava aquele fio procurando entrada na artéria, fazendo curvas e mais curvas, ai perguntei para o médico: - Conseguiu entra na artéria doutor? - Sim, Graças a Deus... Esta foi na veia... Vamos colocar a mola e estará pronto. Agradeci, de coração, a Deus, pois naquele momento senti sua presença mais forte e pensei: - Só por Deus.

O médico pediu para mandar a minha esposa entrar que tinha sido um sucesso. A emoção tomou conta de mim, quando eu vi o sorriso dela, de orelha a orelha e como seus olhos brilhavam de felicidade.

Bem... Deve ter sido dose ter lido tudo isso...Mas escrevendo isso foi uma forma de agradecer Deus e a todos...Mas eu agradeço de coração, agora novo, a todos que se preocuparam comigo, a todos que elevaram seus pensamentos a Deus pedindo para que tudo acabasse da melhor maneira.

Em especial agradeço a Deus por todas as bênçãos derramadas sobre mim e minha família em toda minha vida e em especial neste momento e cada vez mais eu estou convicto que:

“Você pode até viver sem Cristo, mas morrer sem Ele é terrível”.

Um beijo no coração de cada um.

Alberi Locatelli

Muito obrigada Alberi por autorizar a publicação do seu depoimento, muito obrigada por sua demonstração de força e de fé! Que Deus abençe eternamente você e todo sua família!!!