segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Escondendo os sentimentos...


Já dizia William Shakespeare: "Com o tempo você descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar isso. "


De acordo com a psicóloga especialista em terapia comportamental Karen Camargo, a nossa cultura não incentiva a expressão de sentimentos. "Não aprendemos esta prática em casa, com nossos pais, nem na escola. Além disso, a punição da expressão ainda é muito comum nos dias de hoje. Os meninos são punidos por chorar ou demonstrar fragilidade. As meninas são chamadas de ‘manteiga derretida'", afirma a psicóloga, lembrando que muitas vezes esse ensinamento fica a cargo dos terapeutas, que ensinam seus pacientes a descriminar os sentimentos e o quanto dividi-los ajuda na aproximação ou na solução de problemas de relacionamento.

“Os homens estão mais à vontade para abrir o coração do que antigamente, mas ainda existe uma educação voltada à não-fragilidade”

Karen esclarece que determinados sentimentos são mais facilmente demonstrados que outros. "Mostrar gratidão pode ser mais fácil do que demonstrar raiva. A expressão de sentimentos como tristeza, raiva, tem uma maior probabilidade de serem punidas. ‘Você é muito estressadinha' ou ‘Você é muito sensível', ‘Tudo o que eu faço te magoa" são frases que ouvimos diariamente quando nos arriscamos a dizer o que sentimos", exemplifica.

Histórico de vida

Há os que têm receio de demonstrar ou dizer que amam. "Acredito que esta dificuldade tem muito a ver com a história de punição na vida da pessoa. Por exemplo, em família, ela é fechada, mas no relacionamento amoroso é aberta", compara Karen. Podemos imaginar que a pessoa com a qual ela se relaciona amorosamente acolhe a expressão de sentimentos. "Já em família, se a família critica ou ridiculariza, existe uma menor probabilidade de ela se abrir", explica.

Para a psicóloga, os homens estão mais à vontade para abrir o coração do que antigamente, mas ainda existe uma educação voltada à não-fragilidade. "Muitas pessoas mostram sentimentos de uma forma exagerada ou, ao contrário, muito tímida. A habilidade de expressar os sentimentos no momento certo e da maneira mais adequada é um desafio grande, acaba sendo um trabalho importante para os terapeutas", diz ela.


Para os que estão com dificuldade de demonstrar sentimentos, a psicóloga Karen Camargo dá uma dica. "Além do verbal, existem muitas maneiras de mostrar o que sentimos: gestos, presentes, cartas de amor, fazer um carinho etc. Comece com este tipo de expressão de afeto para depois passar para o verbal", conclui.

Eu sempre tive essa dificuldade, embora já tenha melhorado muito, ainda existem situações em que bloqueio e não consigo expressar o que sinto vontade. Acredito que a maneira pela qual fomos criados influencia muito, minha mãe principalmente era bem durona, ela estava sempre ocupada, imagino que não era nada fácil pra ela, mãe de 10 filhos, naquele tempo eles se preocupavam mesmo era que tivesse na mesa o que comer, assim são poucas as lembranças que guardo da infância em que ela estivesse comigo ou meus irmãos no colo, brincando ou acariciando a gente, dizer eu te amo então, posso dizer que já era adulta, quando ouvi ela me falar isso a primeira vez, e eu chorei tanto, foi algo que marcou demais pra mim, nunca tivemos problemas de relacionamento, eu sabia que ela amava a gente sim do jeito dela claro, pois ela demonstrava esse amor de outras formas, como fazendo as comidinhas que a gente gostava e várias outras coisas, hoje em dia ela também melhorou muito, nesse sentido, o que só aumentou meu carinho e admiração pela pessoa que ela é.

E para que meus filhos não sintam a carência que eu senti quando pequena, eu procuro fazer o melhor nesse sentido, mas posso dizer que é uma batalha não só com eles, como com meu marido, que também tem esse problema, mas conseguimos conversar muito sobre o assunto e evoluir pouquinho cada dia ...

Fabi

Eu sou uma pessoa melosa... adoro um carinho, um mimo, um dengo... meu pai sempre foi mais seco mas isso não era problema pra mim, praticamente obrigava ele a me abraçar e me dar carinho, igual aqueles gatinhos que ficam se esfregando na perna da gente sabe??? Isso sempre foi motivo de brincadeira lá em casa, e até bem poucos dias atrás eu ganhava colo dele, já minha mãe sempre foi um doce, cantava pra eu comer, pra eu dormir e assim por diante, acho q foi ela quem me acostumou mal!!!

Até hoje quando estou muito carente deito no colo dela e ganho cafuné...

Não temos muito o hábito de falar “eu te amo”entre nós, mas a maneira como cuidamos uns dos outros é muito mais que simples palavras!! Acredito que não é um bloqueio, é só falta de hábito...

Com meu namorado as declarações de amor são mais constantes... tanto em palavras como em gestos, minha mãe brinca que somos um grude!!!

Além disso, eu sou uma pessoa muito espontânea, quem convive comigo sabe de me olhar como está meu humor, se gostei de alguma coisa ou não. Mas concordo com o texto acho que digo eu te amo e demonstro meus sentimentos com essa facilidade pela maneira como fui criada!


Pra encerrar quero deixar claro que sou completamente contra a banalização do “eu te amo”, acho um absurdo dizer isso como se diz bom dia... e amar é realmente muito mais que palavras soltas ao vento!!!


Um comentário:

  1. eu tambem sou melosa!!! na minha casa (da minha mãe) tmb nao ouvi muitos eu te amo, mas p/ a familia que eu construi nao consigo me segurar, amo tudoooo oque é relacionado a eles.
    Amo vcs tmb meninas! De verdade!

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